1 ano de pandemia

1 ano de pandemia

Parece inacreditável, mas já estamos há doze meses em quarentena devido ao novo coronavírus. É certo que haverá um legado - positivo e negativo - desse período para filhos e pais. Ouvimos especialistas e famílias para refletir sobre esse panorama e saber como agir diante dos desafios.

Matéria original da Revista Crescer.

Onde você estava em março de 2020, quando soube que iria começar a quarentena no Brasil? Com certeza nem nos seus maiores sonhos – ou pesadelos – imaginaria tudo o que viria pela frente. Mas cá estamos nós, um ano depois. Muita coisa já melhora, temos um processo de vacinação em curso e novas perspectivas, ainda que a passos lentos.

Fato é que essa vida diferente a que fomos expostos de uma hora para a outra teve efeitos positivos e negativos para adultos e crianças. “Para elas, o impacto de estarem isoladas, com os pais tensos e ansiosos, é grande e profundo, porém, é fundamental que possamos olhar para esse momento e aprender. Aprender a valorizar quando pudermos nos abraçar; valorizar a simples rotina de ir para a escola; de conviver mais intensamente em família”, reflete a psicóloga Camila Cury, fundadora do Programa de Educação Socioemocional da Escola da Inteligência (SP). É importante enxergar o momento também como uma oportunidade que gerou possibilidades de filhos e pais estarem mais próximos, por exemplo. Quem aí teve a chance de acompanhar de perto os primeiros passinhos do bebe?

É certo que não somos os mesmos de um ano atrás – muito menos nossos pequenos. E isso traz consequências, algumas boas e outras, nem tanto. “Um ano na vida de uma criança é muito diferente de um ano na vida de um adulto. O cérebro dela tem janelas de oportunidade, está ávido por adquirir novas habilidades. O desenvolvimento infantil é altamente dependente do meio externo. Se ela fica limitada ao ambiente da casa, interagindo apenas com poucos adultos que, muitas vezes, precisam trabalhar e não consegue se dedicar integralmente a ela. Será privada de estímulos.  E essa privação pode levar, em casos extremos, claro, a um atraso no desenvolvimento”, afirma a neuropediatra Luciane Baratelli, da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro.

MUDANÇAS REAIS

Vimos isso na prática. Um estudo das Faculdades Pequeno Príncipe, de Curitiba (PR), feito com mais de 1,9 mil famílias, com crianças entre 2 e 12 anos (de todos os estados do Brasil), mostrou que 100% delas tiveram ao menos uma mudança de comportamento durante o isolamento social seja referente alimentação, a interação social, ao comportamento, seja ligada ao sono. “As crianças ainda sentirão por algum tempo o impacto da pandemia, do afastamento escolar e da falta de convivência. Pais e educadores devem estar atentos a alterações de comportamento. Precisamos acreditar que a saúde mental delas pode estar em sofrimento e precisando de ajuda, para intervir o mais precocemente possível”, diz a pediatra Loyola Presa, uma das pesquisadoras a frente do estudo.

Então, como estar atento a essas mudanças? Um estudo do hospital pediátrico da Escola de Medicina da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, com mais de 2 mil famílias, de crianças e jovens de 0 a 18 anos, revelou os principais medos dos pais em relação aos filhos na pandemia: o excesso de tempo na frente das telas e das redes sociais, o aumento de hábitos não saudáveis de alimentação,еfalta de atividades físicas, estresse, ansiedade e risco de depressão.

Isso mostra que diversos pontos merecem atenção e variam de família para família. Cada um deve buscar formas criativas de aliviar a tensão emocional o máximo possível. “Comece desligando os noticiários e sintonizando as ideias com algo mais positivo. Diminua o estimulo eletrônico em casa, pois a exposição as telas intensificam o estresse e a falta de concentração da criança. O movimento livre é uma excelente forma de fazer com que pensamentos negativos se reorganizem. Então, que tal todos fazerem uma aula de dança em casa? Desenhar uma amarelinha com fita adesiva no chão para o pequeno gastar a energia quando precisar? ” Sugere a educadora parental Aline De Rosa, criadora do programa Acolhedora de Mães (SP).

A pandemia tem, sim, consequências ruins, infelizmente. A própria covid-19 é terrível em muitos casos. Mas, quando falamos de educação e vida em família, percebemos tantas questões valiosas…. Precisamos decidir qual é a lente que usamos para enxergar a vida, o quanto de energia colocamos nos pontos positivos e nos negativos. Então, a proposta aqui é fazer um balanço das lições dessa pandemia e enfrentar o saldo disso. A seguir, um material para nos provocar reflexões e planejar nossas próximas ações.

"Em 2020, minha filha fez 4 anos e foi para escola pela primeira vez. Nem um mês de aula o mundo parou. A rotina voltou a ser o que era para mim, com a diferença que meu trabalho e do marido pararam também. Então, vimos os três em casa. Doze anos de casamento nunca passamos mais do que 30 dias inteiros juntos. Mudamos nossos hábitos, nos aproximamos mais e percebemos nossas falhas como pais, questões que não víamos. Estamos mais próximos como casal, como família."
Priscila Fontoura, 32 anos, fotógrafa.
Mãe de Alice, 5 anos.

MAIORES LEGADOS

Para as crianças

Ter autonomia e independência.

Ser mais participativa e casa

Ganhar mais presença dos pais

Aprender novas regras

Entender a importância de coletivo

Para os pais

Perceber que vinculo e mais do que morar juntos

Estar mais presente na rotina das crianças

Entender melhor a metodologia da escola do filho

Ter a consciência clara de que são o maior exemplo para os pequenos

Compreender que não podemos controlar tudo, mas controlamos nossas próprias escolhas

Os impactos e os próximos passos

DESENVOLVIMENTO

Os impactos

Sabemos de cor que é importante para um bom desenvolvimento da criança ambiente acolhedor e estimulante, adultos cuidadores atenciosos, livre brincar, convivência com seus parentes, contato com a natureza, alimentação equilibrada, sono restaurador. Se muitos desses aspectos foram tirados dos pequenos nesse período, é natural que se vejam resultados aquém do esperado. Ao mesmo tempo, a possibilidade de passar mais tempo com os pais em casa trouxe até alguns avanços.
Segundo o pediatra Daniel Becket Rio de Janeiro (RJ), algumas crianças que estavam em casa em harmonia, com pais que conseguiram se organizar na quarentena para dedicar tempo a elas, mantendo a tranquilidade, o afeto e convívio saudável entre o casal e os filhos, tiveram desenvolvi mento espetacular. “Aquelas que não falavam, por exemplo, passaram a fazer isso. Mas a maioria, mesmo tendo conquistas sofreu com sintomas psíquicos, alterações de comportamento, desde distúrbios de apetite, seletividade excessiva, recusa ou compulsão alimentar, agressividade, irritação, birras e ficaram grudadas nos pais”, afirma.

O especialista ainda alerta para casos de regressão de comportamento, como crianças que estavam já sem fralda e voltaram a usá-la, além de tiques, gagueira e dificuldades escolares. “São sintomas que vão se agravando ao caminhar para a introspecção excessiva, recusa de vivenciar as atividades em família, de sair, de participar da aula online, de ver os avós, de encontrar amigos… até chegar na depressão, que vimos um bocado também”, afirma.

Próximos passos

Uma vez que seja observado um atraso (lembre-se, você não está sozinho nessa!), a criança deve ser estimulada. É importante ter um profissional acompanhando, ou seja, converse sempre sobre isso com o pediatra. Quanto aos estímulos, vão variar de acordo com a idade e a finalidade, mas englobam as vivências no dia a dia o olho no olho, as brincadeiras ao ar livre e o contato com a natureza, tomando sempre cuidado com aglomerações (a pandemia segue seu curso ainda). Se sentir dificuldade, não hesite em procurar o apoio de profissionais especializados, como fonoaudiólogos fisioterapeutas, psicólogos e terapeutas ocupacionais.

Saúde mental e emoções

Os impactos

Uma pesquisa do Serviço Nacional de Saúde da Inglaterra mostrou que uma em cada seis crianças apresentou problemas emocionais na pandemia. Parte disso é reflexo do clima que os pequenos vivem em casa. “Nas famílias em que os pais estão muito ansiosos ou ambiente anda estressante demais, eles, por consequência, ficam ansiosos e isso compromete o emocional”, diz a pediatra Ana Escobar, colunista da CRESCER.
Porém, outros fatores, como o fechamento das escolas, privação do convívio social e morte de familiares também elevaram o nível de estresse nos pequenos. Alguns estão inclusive, com dificuldades de se relacionar com outras crianças e até de confiar em adultos – reflexo da ideia que o outro representa perigo (pela contaminação). Tiques nervosos, como roer a unha, cutucar a pele, morder a bochecha e ranger os dentes entram na lista de sintomas.
Segundo a neuropediatra, Luciane Baratelli de Niterói (RJ), esse cenário pode gerar um estresse tóxico, com aumento persistente do cortisol (hormônio ligado ao estresse). “Sabe-se que o principal protetor da saúde mental das crianças em situações de estresse é o apoio familiar. 

Quando a criança recebe cuidados e afeto de adultos que passam a ela sensação de segurança, o organismo consegue se reorganizar e voltar a ter um funcionamento normal. Já nos casos em que esse suporte é ausente ou inadequado, ela passa a ter um aumento prolongado do cortisol que lesa circuitos neurais em desenvolvimento e aumenta o risco de apresentar atraso no desenvolvimento de pressão e transtornos de conduta no futuro”, afirma.


Próximos passos

Claro que não temos de esconder nossos sentimentos dos filhos. Todos tivemos de enfrentar perdas e mudanças, o que pode gerar ansiedade, medo e tristeza. Mas é preciso ter um olhar cuidadoso na maneira como traduzimos isso às crianças. “É fundamental a comunicação adequada com os filhos, explicando a situação pela qual estamos passando de forma objetiva e clara, de acordo com cada faixa etária. Nesse momento, eles necessitam de rotina, segurança, estabilidade e compreensão. Vale criar junto com a criança estratégias para ela lidar com os sentimentos, e ensiná-la de fato reconhecer nomear as emoções”, orienta a psicóloga Mariana Bonsaver do Hospital e Maternidade Pro Matre em São Paulo (SP). 

Além do diálogo constante, livros infantis e brincadeiras de faz de conta são bons aliados para ajudar os pequenos a entender o que sentem.
Com Acolhimento e orientação dos pais, tudo pode se transformar em resiliência e adaptação. Um exemplo está nas datas comemorativas, como a ausência da tão esperada festa de aniversário. “Em vez de diminuir ou ignorar o sentimento dela, dizendo que é só uma comemoração, diga que entende a tristeza dela. Ou seja, o importante é menos a festa em sie mais o sentimento dos pais”, diz a educadora parental Aline De Rosa, São Paulo (SP). Ofereça alternativas para seu filho, como uma festa do pijama só de vocês, com direito a um acampamento na sala!

"Pude acompanhar o desenvolvimento da minha filha de maneira que jamais seria possível. A primeira vez que pediu para ficar sem fralda, que fez xixi no banheiro... na vida corrida de antes, eu não teria presenciado nada disso. Ela se desenvolveu”
Hellen Monteiro, 39 anos, Reflexoterapeuta.
Mãe de Manuela, 3 anos..

O BRINCAR E A NATUREZA

Os impactos

Como nunca antes, colocamos um holofote no papel do brincar. Que bom! Afinal, ele é a linguagem criança, é como ela compreende o mundo à sua volta. Mais do que isso, nesta pandemia, a brincadeira salvou o emocional de muitas famílias. Em dois aspectos: enquanto a criança brinca, os pais podem trabalhar ou se dedicar as tarefas da casa com mais tranquilidade. Além disso, a diversão promove conexão entre filhos e pais.
E a falta que fez estar ao ar livre? A natureza é o lugar em que o ser humano se sente melhor, seja criança, seja adulto. Sentimos na pele a ausência desse espaço – tanto na deficiência de vitamina D quanto na energia acumulada dos pequenos.

Próximos passos

Os pais perceberam a importância de encher o pote de atenção do filho – e do quanto a brincadeira é um dos principais ingredientes para isso. Quando está suprido de carinho, o pequeno faz menos birras e fica mais tranquilo. Mas isso não significa ter de virar um recreador de buffet infantil e entreter seu filho o tempo todo. O tedio é importante também. E no ócio criativo que a criatividade acontece. Equilíbrio e tudo!
Quanto ao contato com natureza, o que fica é a valorização ainda maior do cuidado com o meio ambiente e sua potência na nossa vida. “Ficou claro para todo mundo a importância das experiências ao ar livre para a criança, e como ela melhorou depois de sair um pouco de casa. Pessoas que conseguiram viajar, passar um fim de semana numa casa alugada, num sitio, relatam como é impressionante a resposta dos pequenos. Cem por cento deles voltavam muito melhores. O mesmo ocorreu com crianças levadas a praça ou ao clube para fazer uma atividade ao ar livre. A resposta foi muito impressionante, relata o pediatra Daniel Becker.
Moral da história: sempre que possível proporcione atividades ao ar livre para o seu filho – com todos os cuidados, claro. E ainda que você não tenha como levar a praia, ao parque ou ao sitio, lembre-se que a natureza está sempre perto, nos detalhes, como fazer e cuidar de uma horta, pisar na grama, pegar na terra, sentir as texturas diferentes das folhas, escalar árvores, tomar sol ou sentir a brisa de um fim de tarde.

"O começo foi difícil, e achei que não daria conta. Mas fazendo um balanço, me sinto privilegiada de poder estar com a minha filha 24 horas por dia. E sei que mais tarde ela lembrar desse período, e sentir o cheirinho de bolo de cenoura, dos filmes à tarde, das broncas e de tudo que aprendemos juntas. Estamos mais fortes e unidas. O isolamento me trouxe valores e me fez enxergar coisas que estavam guardadas”.
Grasielly Vailati, 40 anos, consultora de viagens.
Mãe de Julia, 7 anos.

ROTINA DA CASA

Os impactos

Pandemia sem rede de apoio, tendo de cuidar de casa, criança e trabalho. É natural que você não dê conta de tudo. E quer saber? Está tudo bem! É preciso priorizar aquilo que gera bem-estar para a família, muitas vezes, só acontece quando há envolvimento de todos. Uma das grandes lições da quarentena foi a importância da divisão de tarefas domesticas não só entre o casal, mas inserindo as crianças também.
Antes do isolamento a maioria delas ajudava pouco ou quase nada. Os pequenos mal sabiam o que precisava ser feito para manter a casa limpa, organizada e funcionando.

Próximos passos

As crianças aprenderam que as coisas em casa não acontecem sozinhas. Na nossa cultura, elas não ajudam tanto, diferente do que vemos fora do país, onde nem todo mundo pode pagar um funcionário doméstico. “Houve uma mudança de postura que seria bom manter. Crianças devem ser mais participativas em casa E os pais precisam entender como isso e importante para elas”, diz a pediatra Ana Escobar, colunista da CRESCER. Por isso, continue inserindo o pequeno nas atividades domésticas, de acordo com a idade e a maturidade de dele. Dá até para ser divertido! Nos dias de mais bagunça, combine um mutirão em família antes do jantar (quase uma gincana) para irem dormir com tudo organizado. E estabeleça prioridades. “Se tiver de escolher entre lavar a louça ou sentar para brincar com seu filho, avalie: pote de amor dele está vazio? Sente para brincar. Está tudo bem? Convide-o para ajudar na tarefa. São pequenas escolhas diárias que cada pai e mãe deve fazer para equilibrar as demandas e prioridades da rotina familiar”, afirma Aline De Rosa

SAÚDE E HIGIENE

Os impactos

Nunca se olhou tanto para a saúde, para o papel da ciência, das vacinas, do se cuidar em prol do outro como hoje. E isso os pequenos vão levar para a vida toda. Aliás, no que diz respeito aos hábitos de higiene, muitos deles mostraram saber lidar bem melhor do que nós. Você vê as crianças usando máscara tranquilamente na maior parte das vezes São poucas as que a arrancam – diferentemente dos adultos” diz o infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento Cientifico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Próximos passos

Higiene nunca é demais, e manter os bons hábitos adquiridos é fundamental. Não deixe que o seu filho perca esse olhar. Se Ele o está aprendendo agora (afinal, quantos bebês do começo da pandemia estão completando 1ano?), oriente sobre a lavagem correta das mãos, invente músicas ou cante os parabéns inteirinho com ele nessa hora. Continue mantendo uma caixa para deixar os sapatos na entrada de casa, assim fica fácil a criança saber onde colocá-los quando voltam da rua. Procure máscaras confortáveis e apropriadas ao tamanho do seu filho, assim ele não precisa ficar colocando a mão para arrumar “É o que chamamos de alfabetização sanitária, e esse é um legado interessante que deve ficar da pandemia, tanto para crianças como para adultos, diz o infectologista Kfouri.

LIMITES E TELAS

Os impactos

Lidar com choro, birra, agressividade, medos, vídeo game, hora para dormir… Muitos dos nossos conceitos de limites e de controle das emoções tiveram de ser revistos “Adultos, crianças, adolescentes. Todos precisaram se reinventar rever rotinas, acordos e atitudes”, afirma a consultora em educação Beto Rodrigues, treinadora de Disciplina Positiva da Positive Discipline Association dos Estados Unidos.
Afrouxamos regras, permitimos em alguns momentos que as crianças dormissem mais tarde, almoçassem em frente à TV ou comessem aquela guloseima. Afinal, temos mesmo de escolher as batalhas diárias. Mas o campeão de limite ultrapassado provavelmente tenha sido, em muitas famílias o volume de telas. Tanto que, segundo pesquisa realizada do Hospital JK Lone, em Jaipur, na índia, 65% das crianças estilo viciadas em eletrônicos e sio incapazes de manter distância deles mesmo que por 30 minutos.

Próximos passos

O uso da tecnologia está aí, foi o que permitiu manter nosso trabalho, rever parentes e amigos, comemorar aniversários, fazer consultas medicas e as aulas on-line das crianças. Estamos aprendendo cada vez mais que travar uma disputa com os gadgets na rotina dos pequenos não é o caminho. O desafio que continua e ensina-los de maneira saudável (e observar como nós mesmos lidamos com eles), mostrando a importância de outras atividades essenciais, como brincar, se exercitar, ler um livro impresso e ter momentos ao ar livre. Já sobre nossos parâmetros de limites revistos, não adianta ser radical, afinal não sabemos quando poderemos ter uma rotina perto de como era antes, então, novamente, busque o meio-termo. Flexibilizar pelo bem da nossa saúde mental, mas ainda com combinações claras para as crianças. Assim, chame seu filho para uma conversa, diga que você quer ouvi-lo para então, pensarem juntos em soluções. Quando a criança é valorizada, se sente parte daquilo e tende a colaborar muito. Estabeleçam os combinados e os cumpra.

EDUCAÇÃO

Os impactos

Talvez seja um dos campos mais afetados na pandemia e o que mais influenciou na rotina e na sanidade mental de todos. Ter os pequenos arrancados do ambiente escolar, do aprendizado presencial, do convívio naquele local que é deles, por natureza, mexeu com a cabeça de filhos e pais. Muitas crianças perderam o interesse pelos conteúdos, estão com dificuldades no aprendizado, sem motivação.
Por outro lado, há famílias mais atuantes no aprendizado do filho e na relação de parceria com a escola, ser contar a valorização muito maior (por parte dos pais) do papel do professor e de todos os desafios que é educar uma criança.

Próximos passos

O tema divide opiniões. Algumas famílias se adaptaram às aulas online e acreditam que ser o caminho a seguir, outras não querem nem ouvir falar nesse modelo. O mesmo acontece com profissionais da educação. “Para mim, fica de lição que o presencial tem de ser algo além dos conteúdos e cobrança por resultados. Isso o online pode fazer, até sem professor. Também permanecem as possibilidades que se abrem com o digital, a versatilidade, a agilidade e o espaço para a diversidade das formas de expressão”, diz Ligia Mori, diretora pedagógica da Escola Nossa Senhora da Graças, o Gracinha, em São Paulo (SP).
Já para o educador Marcelo Cunha Bueno, diretor da escola Estilo de Aprender (SP) e colunista da Crescer, não há saldo positivo no aprendizado à distância. “A experiência da aula online veio colada à anulação do convívio social, à pandemia, ao medo. Antigamente, se pensava que o ensino online substituiria o presencial, agora vimos que isso nunca vai acontecer. Será um complemento para quem quiser. Hoje não vejo nada de favorável disso. Talvez daqui a alguns anos, afastado desse clima de pandemia, eu consiga fazer uma análise mais crítica e encontrar pontos positivos”, reflete.
Para a psicopedagoga Quézia Bombonato, conselheira vitalícia da Associação Brasileira de Psicopedagogia, é possível tirar proveito da situação: “O formato digital tem características, como foco, persistência e determinação, relevantes para a aprendizagem. Se os educadores se apropriarem desses conceitos e os aplicarem em suas atividades, os alunos poderão desenvolver competências socioemocionais e comportamentais para dar conta das transformações que estão ocorrendo na nossa sociedade”.

SOBRECARGA DAS MULHERES

Os impactos

Mesmo antes da pandemia, elas já dedicavam o dobro de horas semanais ao trabalho doméstico e/ou aos cuidados com outras pessoas, se comparadas aos homens, segundo dados do IBGE. A pandemia foi vivida e sentida de maneira diferente por pais e mães. Segundo pesquisa realizada pela Filhos no Currículo, em parceria com o Movimento Mulher 360, sobre a experiência do home office na pandemia, metade dos pais achou “fácil” ou “muito fácil” conciliar filhos e carreira, enquanto apenas 33% das mães tiveram a mesma percepção. Ou seja, a divisão de tarefas injusta ou inexistente e a sobrecarga delas ficou mais evidente. Por outro lado, muitos homens viram, na prática, como é a realidade e passaram a desempenhar de forma mais ativa seu papel de pai. “Os casais tiveram momentos de discussões profundas, que os fez crescer no relacionamento ou repensar a situação conjunta. Essa experiencia trouxe aprendizados em todos os aspectos e precisamos consolidá-los para um futuro melhor”, diz a pediatra e neonatologista Clery Gallacci do Hospital e Maternidade Santa Joana em Sao Paulo (SP). Outro ponto de destaque com escolas fechadas e falta de rede de apoio, as mulheres estão considerando tirar uma licença ou sair do trabalho. Segundo o IBGE, a participação feminina no mercado de trabalho e a menor de 30 anos.

Próximos passos

Se, mesmo com essa luz que a pandemia jogo na carga mental das mulheres, você ainda sente que o peso maior continua nos seus ombros, abra espaço para um diálogo franco com quem divide a casa e a vida, sobre tarefas domésticas, cuidados com as crianças e jornada de trabalho. O que não dá para viver esgotada, tentando dar conta de tudo, se frustrando porque não consegue se dedicar ao trabalho e nem as crianças. Marque, na agenda, se for preciso um horário para essa conversa depois que as crianças dormirem, façam ajustes de maneira que fique bom para ambos. Toda a família ganha com um ambiente harmônico. E se você está no time de quem anda pensando em abrir mão do trabalho, saiba que não precisa ser assim a não ser que deseje. Busque modelos que conciliem sua necessidade à do mercado, como o staff loan (novo conceito de trabalho temporário em que a empresa faz um empréstimo de funcionários de outras corporações) por exemplo. Se a opção for continuar no emprego em que esta converse com seus supervisores sobre possibilidades de mais flexibilidade e sugira soluções.

“A pandemia me fez valorizar ainda mais a minha mulher. Só passando na prática pelas mesmas dificuldades do dia a dia com as crianças, tarefas domésticas e trabalho extra é que a gente vê como não é fácil.”
Paulo Junior, 36 anos, engenheiro.
Pai de Miguel, 6 anos e Clarice, 3.

SOCIALIZAÇÃO

Os impactos

Avida social das crianças antes da pandemia era farta de possibilidades: escola, cursos extracurriculares, parquinho, programas culturais, casa da avó, dos amigos. De repente, nenhum outro contato além dos pais. Muitas até se acomodaram nas aulas on-line com câmera fechada. “Na volta a socialização, os pequenos mais introvertidos poderão ter um desafio ainda maior. Vejo muitos que estão adorando ficar em casa. Mas com o tempo, vão se readaptar”. diz pediatra Ana Escobar.

Próximos passos

Família e escola devem estar preparadas para lidar com a ressocialização, agora, com máscara e álcool em gel e algum distanciamento. E estar atentas aos pequenos que demonstrarem medo e angústia. Assim como a readaptação as aulas presenciais ainda que em esquema híbrido, a volta ao convívio com amigos e familiares quando a pandemia passar vai exigir esforços das crianças e dos adultos. Não subestime qualquer dificuldade do seu filho nesse sentido, converse, pergunte o que ele está sentindo e pensem juntos em soluções. É importante respeitar as particularidades de cada criança. As que sofreram maior impacto psicológico ou social diante dessas mudanças devem ser acompanhadas por profissionais. “As crianças tem grande capacidade de adaptação. Esperamos que com a volta da escola presencial, recuperem a socialização facilmente”, diz Ana Escobar. Mesmo as bem pequenas que não conviveram com ninguém além dos pais, podem até estranhar no início, mas com paciência, vão acostumar com outros rostos e colos. Tudo questão de tempo.
Agora nos conte: e para você, o que vem pensando mais depois de ler sobre esses impactos que a pandemia nos impôs? Uma coisa é certa: reconhecer as mudanças e seus efeitos na nossa vida facilita traçar estratégias para enfrentar os desafios que ainda temos pela frente. Com clareza, força e esperança. Vamos nessa?

Compartilhe essa matéria com seus amigos!

Share on facebook
Share on whatsapp
Share on twitter

Chatos para comer

Chatos para comer

É comum que nos primeiros anos de vida, as crianças façam careta e rejeitem certos tipos de alimentos. Com o tempo, esse comportamento costuma passar. Mas e se não passar? 

Um estudo publicado recentemente pela Universidade de Michigan (EUA) sugeriu que essa seletividade na hora das refeições talvez não seja “só uma fase”. Os pesquisadores acompanharam os hábitos alimentares de 317 famílias por quase cinco anos. Eles perceberam que 14% das crianças continuavam altamente seletivas para comer mesmo depois dos 3 anos. Para Megan Pesch, autora do estudo, os resultados só confirmam a importância de oferecer um cardápio variado e nutritivo desde a introdução alimentar. Mesmo assim, ela alerta que é preciso ter cautela: nada de pressionar o pequeno a comer o que não quiser.

A pesquisa mostrou ainda que, quanto mais os pais tentam controlar e restringir a dieta dos filhos, mais exigentes eles podem ficar. Isso não significa que, para fazê-los comer de tudo, devemos liberar doces e ultraprocessados. “Ainda queremos que os pais incentivem dietas variadas e saudáveis desde cedo, mas nosso estudo sugere que eles podem ter uma abordagem menos controladora”, diz a pesquisadora.

E o que fazer?

SEM BARGANHAS

Não faça chantagens ou ofereça recompensas para incentivar seu filho a raspar o prato. Pode até funcionar num primeiro momento, mas a longo prazo a tendência é que isso só reforce a recusa alimentar.

ROTINA DEFINIDA

Tenha horários fixos para lanchar, almoçar e jantar. Defina um tempo suficiente te para cada refeição e, se nesse período seu filho não aceitar a comida, não force a barra: retire o prato da mesa e só ofereça outro alimento na próxima refeição.

TRABALHO EM EQUIPE

Convide as crianças a participarem das compras e do preparo das receitas. Ao se sentirem parte do processo, elas tendem a se abrir mais para novas possibilidades.

VARIEDADE NO PRATO

Sempre que possível, adicione os formatos e texturas ao cardápio das crianças. A cenoura que sempre é servida picadinha, por exemplo, pode ser ralada, transformada em purê.

Conteúdo original da Revista Crescer. 

Compartilhe essa matéria com seus amigos!

Share on facebook
Share on whatsapp
Share on twitter

Amizade que só faz bem

Amizade que só faz bem 🐾

Se você ainda não tem um pet de estimação, certeza que seus filhos já te pediram um. Animais requerem cuidados, tempo e dinheiro investidos, por isso entendemos a resposta negativa, mas apesar disso, oferecem muitos benefícios, principalmente as crianças. 

Confira alguns desses benefícios a seguir: 

Menos probabilidade de sofrer de ansiedade infantil.

Um estudo realizado pela Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos, concluiu que as crianças que convivem com cães de estimação têm menos probabilidade de sofrer ansiedade infantil. Para a psicóloga e psicoterapeuta especializada em comportamento infantil Andreia Calçada, o resultado do estudo faz todo o sentido. "A relação com o animal estimula o afeto, o companheirismo, a organização, a paciência, a responsabilidade... Quem tem uma tendência a desenvolver ansiedade na infância tem uma preocupação muito grande com tudo. O animal tira um pouco esse foco e ajuda a criança a aproveitar mais o momento e curtir ali com seu novo amigo, sem pensar no que vai acontecer depois, sem acelerar o fluxo", explica a especialista

Desenvolvem melhor as habilidades sociais.

A convivência com animais de estimação também melhora a qualidade da relação dos pequenos com as pessoas ao redor. Segundo um estudo da Universidade de Cambridge, aquelas que têm vínculo forte com os pets ajudam mais aos outros, aprendem a dividir e interagem mais. A pesquisa, que analisou o comportamento de crianças de 2 a 12 anos de idade, revelou ainda que algumas delas, principalmente as meninas, confiam mais nos bichos do que nos próprios irmãos. "Elas podem sentir que os pets não estão julgando e, como eles não parecem ter os próprios problemas, eles simplesmente escutam", explicou o psiquiatra Matt Cassels, um dos responsáveis pela análise.

Bem-estar do corpo

Estudos científicos demonstraram que o contato de animais com bebês diminui os sintomas relacionados a infecções respiratórias. Além disso, outro estudo finlandês descobriu que bebês que tiveram contato com cães eram menos propensos a esses mesmos sintomas, tinham menos episódios e precisavam de menos antibióticos. É o mesmo para infecções de ouvido. Torna-se evidente que o contato repetido com animais domésticos promove o amadurecimento do sistema imunológico. A exposição a alérgenos transportados por cães e gatos que podem envolver nossos bebês reduz consideravelmente o risco de alergias futuras. Segundo elemento importante e não vamos brincar com trocadilhos: a obesidade. Seu cão se tornará o treinador experiente de seu filho e o inimigo número um dos quilos extras que ele pode armazenar. O primeiro compromisso de seu filho é atender às necessidades de seu cão ao ar livre. Portanto, será impossível para ele escapar dos passeios diários em que você o verá correndo atrás de seu cachorro a pé, patins, pedalando ... É uma forma bem camuflada de permitir que seu filho se mantenha em forma ou pelo menos ter atividade física regular. Através da brincadeira, elemento essencial da comunicação entre os dois, a criança se desenvolve, floresce e percebe que seu animal depende dela e lhe traz bem-estar.

Ensina valores de vida

Ter um relacionamento com um animal é uma maneira de transmitir lições importantes para a criança sobre nascimento, reprodução, acidentes e outros acontecimentos marcantes. Quando um bichinho morre ou se perde, elas têm contato com o luto, o que será útil em futuros eventos tristes da vida. Fora que, conforme o pequeno cresce e ganha tarefas condizentes com a sua idade no cuidado com o bicho, aprende também noções de responsabilidade.

Animal não é objeto!

Ok, você se animou e, finalmente, decidiu atender aos pedidos incessantes das crianças por um animal de estimação? A iniciativa é boa, mas vale analisar bem cada detalhe. Apesar de trazer vários benefícios, entre eles, o de ensinar seu filho a ter responsabilidades, os maiores cuidados ficam mesmo a cargo dos pais. A supervisão de tudo e a garantia de que o bichinho será bem cuidado é do adulto. Então, planeje como isso será feito, calcule os gastos, pense em como encaixar as necessidades do pet na rotina da família e pense que, principalmente nos primeiros meses, vocês precisarão se esforçar para educar o filhote. Isso porque o animal pode até ser um presente de Natal, mas, diferente de um brinquedo, que você pode guardar no armário ou doar para outra criança, o cachorro, o gato ou qualquer outro pet não tem volta. “Ao devolver ou abandonar o animal você estará ensinando que as decisões não têm consequência e ainda quebra aquele vínculo que se forma entre o bichinho e a criança”, lembra a psicóloga Andreia Calçada.

Conteúdo  adaptado da Revista Crescer e do site bebê.com.

Compartilhe essa matéria com seus amigos!

Share on facebook
Share on whatsapp
Share on twitter

Crianças em casa, e agora?

Crianças em casa, e agora?

A necessidade de suspensão das aulas em decorrência ao Coronavírus pegou todos de surpresa e apesar de ser uma medida necessária para a saúde de todos, ninguém estava preparado para ter as crianças em casa. Sabemos que isso gerou aquela dúvida: “E agora, o que eu faço?”
Bom, separamos algumas dicas para se divertir e se entreter nesse momento de distanciamento social.

Todos estão cientes da situação atual no mundo. O coronavírus, que teve seu primeiro caso em nosso país no último mês, tem se espalhado de maneira rápida e por isso, não podemos deixar que a situação se torne ainda mais alarmante. Com isso, vários órgãos e estabelecimentos tem anunciado paralisação das atividades para manter a segurança geral. E com as escolas não foi diferente, após determinação da Secretária de Educação, as instituições devem parar as suas atividades afim de minimizar o contagio do vírus. Em função disso, vários pais foram pegos de surpresa com esse período das crianças em casa, mas não se preocupe, o Colégio Educar separou algumas dicas para aproveitarem esse momento se divertindo, mas em segurança.

Lembrando,

a paralisação não deve ser considerado período de férias. Não marquem viagens ou façam passeios sem necessidade. Apesar de não haver motivo para pânico, quanto mais ficamos em casa, mais protegidos permanecemos.

Faça um cinema em casa

Se até os cinemas estão fechados, por que não aproveitar e fazer a sua própria sessão? Reserve a pipoca com algumas guloseimas e assistam algo que agrade a todos. Pode até ser aquela série que você gosta.

Leiam um livro juntos

Além de ser educativo, ler pode ser um ótimo passatempo, além de deixar as crianças bem entretidas. Interpretem os personagens em voz alta e contem um ao outro o que acharam de cada capítulo. Que tal um clube do livro? Pode ser muito divertido.

Pinte

Façam desenhos, pinte com lapis de cor, com tinta ou giz. Se não sabe desenhar, baixe os desenhos da internet e imprima para colorir. Deixe a arte fluir nas crianças.

Faça massinha de modelar caseira

Além de divertido, vai deixar as crianças entretidas por um bom tempo. Não tem muito segredo para brincar, é só deixar na mão dos pequenos e ver as artes aparecerem. E é muito fácil de fazer, você vai precisar de:
1 xícara de sal
4 xícaras de farinha de trigo
1 xícara e meia de água
3 colheres de sopa de óleo
Corante alimentício


Preparo: Em uma vasilha grande misture a farinha e o sal em seguida adicione a água e o óleo. Misture até que todo o conteúdo forme uma massa homogênea. Se ficar muito mole você pode adicionar mais farinha, e se ainda estiver seca e quebradiça adicione mais água. Depois, só adicionar o corante, que não é um item obrigatória, caso queira, pode deixar branca, ou dar cores com produtos naturais como colorau.

Ouçam música e dancem na sala

Coloque aquela música que as crianças gostam, afastem o sofá e dancem na sala. Vale até olhar vídeos de dança e tentar imitar.

Façam fotografias

Tirem selfies juntos, seja sorrindo, brincando ou fazendo caretas. Instigue seu filho a fazer fotos das coisas, pessoas e ambientes da casa. Fotografar pode ser um ótimo hobby e vai ocupar um bom tempo da criança. Além disso, olhem fotografias antigas, relembre momentos e compare como estão agora.

Sejam criativos, inventem ou alterem brincadeiras, aproveitem essa oportunidade juntos para se divertir e deixar o momento mais leve. Mas não deixe de incentivar os estudos, é muito importante que a criança mantenha em mente que não está de férias e se possível, estude as matérias e conteúdos já aplicados em aula.

Fique sempre ligado em nosso site e redes sociais para conferir as últimas informações.

Compartilhe essa matéria com seus amigos!

Share on facebook
Share on whatsapp
Share on twitter

Questão de peso

Questão de peso

A Organização Mundial da Saúde estima que, em 2025, 75 milhões de crianças no mundo serão obesas. Para deixar seu filho longe dessa estatística, não  da para perder tempo. Confira 9 fatores que influenciam diretamente nos ponteiros da balança.

Que o Brasil e o universo estão ficando mais obesos, não há duvida. E o que mais preocupa os especialistas é o crescente avanço da epidemia mundial de obesidade, principalmente entre as crianças. Para se ter uma ideia, segundo a Organização Mundial da Sande OMS), na década de 70, a doença afetava  0,93% dos meninos e 1,01% das meninas ate 5 anos. Um estudo recente, realizado pelo Imperial College, de Londres (Inglaterra), em parceria com a OMS, no Brasil, hoje, ela acomete 9.4% das garotas e 12,7% dos garotos. Essa pesquisa global comparou informações  sobre o peso de mais de 130 milhões de pessoas, em 200 países.

As más noticias em forma de números não param por ai: a OMS estima que em 2025, portanto, daqui a pouco tempo, haverá  75 milhões de crianças obesas no planeta — praticamente a população inteira da França. Os estudiosos do assunto acreditam que, dessas, 427 mil terão complicações como pré-diabetes; 1 milhão sofrera de hipertensão arterial; e 1,4 milhão será vitima do acumulo de gordura no fígado, problema grave que costuma acompanhar o excesso de peso e pode evoluir para casos de hepatite gordurosa, cirrose hepática e ate câncer.

 0 cenário é preocupante, mas não há motivo para pânico. Sabe por quê? Porque existem providências — simples — que podem ser tomadas para evitar a obesidade. E elas estão nas nossas mãos.

Antes de mais nada, é preciso se conscientizar de que o excesso de peso é uma questão seria. Não da para se enganar. Se o seu filho é mais rechonchudo, não adianta pensar que ele esta saudável assim, fofo, e que, quando crescer e “esticar”, vai emagrecer. Estudos comprovam que uma criança obesa tem  muito mais chances de se tornar um adulto obeso. “Entre as explicações esta o fato de ela ter um número maior de células de gordura no corpo — essas células vão acompanha—lá  pela vida toda. Como se não bastasse, há o fator hormonal envolvido na regulação da fome: os hormônios insulina e leptina são os principais responsáveis por enviar ao cérebro a mensagem de que há estoque de gordura no corpo. 0 problema é que, em obesos, esses hormônios não funcionam como deveriam. Resultado? 0 cérebro não entende que já há energia/gordura acumuladas e responde com mais fome”, explica a endocrinologista Cintia Cercato, presidente do 28° Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica  da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).

Além do papel dos hormônios, outro fator que aumenta o risco de obesidade nos pequenos, talvez o mais determinante, tem a ver com hábitos – sim, sempre eles.” Alimentação inadequada e sedentarismo que começam na infância tendem a continuar no futuro”, afirma a endocrinologista Jacqueline Rizzolli, membro da diretoria da Abeso. No Brasil, assim como em outros países onde a obesidade disparou nos últimos anos, o excesso de peso está relacionado, sobretudo, ao maior consumo de produtos industrializados —ricos em açúcar e gordura. Diminuir a ingestão desses alimentos já seria um avanço no combate à doença, mas vale lembrar que se trata de um problema multifatorial, que não se resume apenas à comida. “Quando se fala em risco de obesidade, a genética responde por cerca de 30%. Os outros 70% vão depender de hábitos de vida, por exemplo, se a criança faz atividade física. Até a composição da flora intestinal importa, já que ela interfere em como o organismo estoca a gordura. Uma alimentação saudável compõe uma microbiota intestinal [conjunto de microrganismos que participam de vários processos, como a digestão] mais favorável a acumular menos gordura”, diz Jacqueline. A obesidade também é um problema que passa por políticas públicas, pois inclui, desde a forma como se permite fazer propaganda dos alimentos, passando pela regulamentação de produtos processados, com alto teor de açúcar e gordura, até o cardápio das escolas. Tudo isso pode influenciar, e muito, a saúde dos pequenos. Prova disso é o que aconteceu no Chile. Com a disparada da doença, o governo implementou, há cinco anos, um imposto maior sobre bebidas açucaradas. E, em 2016, passou   restringir a publicidade de produtos alimentícios voltados ao público infantil. Surtiu efeito. Segundo estimativa dos pesquisadores da Universidade do Chile, o consumo de sucos açucarados caiu cerca de 24%. 

Por aqui, o Ministério da Saúde divulgou, em novembro passado, um acordo com a indústria de alimentos e bebidas para reduzir o teor de açúcar de bolos, biscoitos, achocolatados e produtos lácteos. A meta é retirar 144 mil toneladas do ingrediente desses produtos nos próximos quatro anos. Além de acompanhar o que governo e outras instituições podem fazer para combater a obesidade, há uma série de ações que você pode colocar em prática no dia a dia da sua família. Elas serão úteis para diminuir o risco da doença na sua casa. A seguir, veja algumas delas:

CRIANÇAS QUE DORMEM POUCO TÊM 58% MAIS RISCO DE TER SOBREPESO E OBESIDADE, SEGUNDO PESQUISA DO REINO UNIDO.

O PODEROSO LEITE MATERNO

Criança que mama no peito tem menos risco de sofrer com sobrepeso e obesidade no futuro. Foi o que mostrou uma revisão de 113 estudos feita pela Universidade Federal de Pelotas (RS), publicada no periódico britânico Scientifé Reports, em 2018. As 3.700 pessoas que participaram da pesquisa (elas receberam leite materno) foram acompanhadas do nascimento aos 30 anos. Ao longo desse período, a avaliação observou um maior índice de massa magra e menos espessura de gordura visceral, a que fica acumulada nas camadas profundas do abdômen e são mais perigosas. O professor do programa de pós-gradu-ação em epidemiologia da instituição, Bernardo Horta, que conduziu a pesquisa,  explica o resultado: “A amamentação  influi em um gene ligado à saciedade. Crianças amamentadas têm um senso de saciedade mais desenvolvido. Além da questão química em si, o bebê que mama no peito é quem controla o volume do que ingere, e ele aprende com essa experiência”, diz.

Outro benefício da amamentação tem a ver com o próprio leite, como explica Elsa Gugliani, presidente do departamento de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria: “Sua composição tem vários tipos de gorduras que interagem com hormônios e proteínas, e isso influencia o metabolismo da criança, ajudando na prevenção da obesidade”.

BOM EXEMPLO

Os pais têm papel fundamental na luta contra os quilos extras, uma vez que são os responsáveis pelo que entra na despensa, por incentivar a prática de exercícios, e claro, por notar quando tem algo errado em relação ao peso do filho. Por outro lado, segundo Jacqueline Rizzolli, “também falta, em alguns casos, a conscientização dos próprios profissionais de saúde que, por vezes, não tratam o sobrepeso como um fator de risco”. Foi o que aconteceu com Juliana, 8, filha da designer de festas Patrícia Engrácia, 38. A mãe questionou o pediatra sobre o excesso de peso da criança, mas foi ignorada. A situação mudou quando ela procurou outro profissional. “A médica pediu exames e descobrimos que a Juliana estava com altos índices de colesterol e triglicérides”, diz.

Patrícia conta que, apesar de não haver nenhum obeso na família, os hábitos alimentares em casa contribuíram para que o ponteiro da balança disparasse. Após o diagnóstico da filha, todos começaram uma reeducação alimentar. “Passamos a seguir a regra ‘descasque mais, desembrulhe menos’. Assim, tiramos boa parte da comida industrializada do cardápio”, diz. O resultado? Juliana emagreceu 8 kg em cerca de dois anos e meio, e saiu da faixa da obesidade. De quebra, Patrícia e o marido também ficaram 8 kg mais leves. Uma mostra de que a mudança de hábito deve se estender a todos.

SEMPRE NA MEDIDA CERTA

A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda a amamentação exclusiva até os 6 meses, e a complementar até os 2 anos ou mais. No entanto, quando o aleitamento não é possível, entram em cena as fórmulas, que contam com nutrientes semelhantes aos do leite materno. É aqui que cabe uma ressalva: se a indicação da fórmula por faixa etária e a dosagem forem respeitadas, haverá equilíbrio na alimentação. Já se os pais invocam que a bebida está rala e adicionam mais pó, tudo muda. “A diluição com mais ou menos água altera a proporção nutricional do leite”, diz o pediatra e nutrólogo  Mauro Fisberg, professor associado da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), e coordenador do Centro de Nutrologia e Dificuldades Alimentares do Instituto Pensi, do Hospital Infantil Sabará (SP). Outro mau hábito que interfere na qualidade da alimentação infantil é encorpar mamadeiras com “engrossastes”. Isso não ajuda em nada em termos nutricionais.

DE OLHO NO AÇUCAR

Na introdução alimentar, a partir dos 6 meses, é comum o bebê começar a tomar suco de frutas. No entanto, é preciso ter cuidado. O Guia Alimentar para Crianças e Menores de 2 anos, do Ministério da Saúde, traz, em sua versão atualizada, a orientação de que não se deve oferecer essa bebida antes do primeiro ano. Isso porque um copo de suco (200 ml) contém uma vez e meia mais açúcar do que uma unidade da fruta. “Por mais de 30 anos, recomendamos dar suco de frutas a partir dos 6 meses, mas, nesse cenário em que a obesidade só cresce, foi necessário rever”, diz a nutricionista Adriana Sevilha Gandolfo, coordenadora clínica do Instituto da Criança (FMUSP).

E se é preciso ficar atento até ao açúcar vindo das frutas, imagine em relação ao industrializado. Este nunca deve ser oferecido antes dos 2 anos. Uma revisão de 30 pesquisas sobre efeitos de bebidas açucaradas, como refrigerantes e achocolatados, publicada na revista científica Obesity Facts, apontou que em 93% dos estudos avaliados havia relação direta entre o consumo de açúcar e os quilos extras. “Quanto mais doces a criança comer, mais irá desenvolver o paladar para eles”, diz Fisberg. “Vale lembrar que ninguém é obeso por causa de um único alimento”, completa. Bem notado: na lista do que deve ser evitado, além do açúcar, estão enlatados, salgadinhos e frituras.

A PERCEPÇÃO DOS ALIMENTOS

Do nascimento até completar 1 ano, o bebê triplica de peso e, geralmente, tem bom apetite. Aí mora o perigo: sem ter noção de quantidade, é comum oferecer cada vez mais comida à criança, mesmo que ela esteja satisfeita. “Foi-se o tempo em que o indicador de saciedade era raspar o prato. Se o pequeno não quiser comer, não force. E ele que deve dar o sinal de que quer mais ou menos comida”, diz a nutricionista Adriana.

Outro fator que ajuda a controlar o risco de obesidade infantil é facilitar o caminho para que a criança se familiarize com os alimentos. “A variedade de sabores e texturas a que tem acesso pode ser um protetor contra a doença, porque ela passa a comer itens diferentes”, afirma Mauro Fisberg.

UMA FORÇA PARA O APETITE?

 Muitos pais ficam extremamente preocupados quando acham que o filho não come. E correm aos consultórios em busca de vitaminas para abrir o apetite. Alto lá: a coisa não é bem assim. Vitaminas não têm o poder de despertar a fome. “A vontade de comer é resultado de uma melhora geral do organismo e do estado nutricional”, diz Fisberg. Assim como os medicamentos, elas devem ser usadas apenas sob recomendação médica.

CORPO EM MOVIMENTO

Não tem escapatória: uma vida saudável, que passa longe do risco de obesidade, precisa incluir atividade física. Por isso, pular corda, brincar de pega-pega, jogar bola, andar de bicicleta… são apenas algumas das alternativas para que seu filho entre na brincadeira de mexer o corpo. Além de contribuir para o desenvolvimento e a socialização do pequeno, essas atividades trazem benefícios à saúde. O controle do peso é um deles. “Se a atividade física passar a fazer parte da rotina, a criança se sentirá motivada a se mexer mais. Isso cria um hábito e garante que ela não o abandone com facilidade”, diz a endocrinologista Jacqueline.

SONO X QUILOS EXTRAS

Crianças que dormem menos do que recomendado para a idade tendem a acumular quilos a mais. A conclusão é de uma pesquisa realizada pela Universidade de Warwick, no Reino Unido. O trabalho é resultado de uma revisão z:se incluiu 42 estudos com 75.499 participantes de 0 a 18 anos. Em todas as faixas etárias, os que tinham um período de descanso mais curto ganharam maior peso e apresentaram 58% mais propensão ao sobrepeso e à obesidade. No estudo, foram levadas em conta as diretrizes atuais da Fundação Nacional do Sono (EUA), que divide a necessidade de horas de sono das crianças por faixa etária: entre 4 e 11 meses, de 12 a 15 horas de sono; de 1 a 2 anos, de 11 a 14 horas; dos 3 aos 5 anos, de 10 a 13 horas; e dos 6 aos 13, de 9 a 11 horas. “Se a criança não tem esse tempo respeitado, vai ficar mais cansada. E o corpo tende a interpretar que precisa armazenar energia, piorando a queima calórica — daí o ganho de peso”, diz Jacqueline Rizzolli.

O PAPEL DAS EMOÇÕES

É inegável: elas estão muito ligadas às oscilações de peso, sim! Na criança, seus reflexos são bem importantes. Casos de estresse como luto, separação dos pais, troca de escola ou grandes perdas, como morte de alguém da família, de um amigo ou até de um animal de estimação, por exemplo, podem provocar a busca de conforto emocional na comida. E as que dão maior sensação de prazer são as mais calóricas. “Quando situações desse tipo acontecem, todos na família ficam abalados e se tornam mais permissivos, liberando as guloseimas”, diz a endocrinologista Jacqueline. “Dependendo do caso, é recomendado recorrer a uma equipe multidisciplinar, que inclui psicólogo, para ajudar o pequeno”, completa. Nesse e em qualquer outro cenário em que a comida entra em cena sem que se dê muita atenção a ela, vale um alerta: todo cuidado é pouco em relação à qualidade e quantidade do que seu filho ingere. Os riscos para a obesidade estão aí, todos os dias, rondando a nossa vida. É preciso discernimento, critério e força para não abrir a porta para eles.

SUPERVISÃO CONSTANTE

Um estudo recente da Universidade de Londres, feito com 20mil famílias apontou que as crianças cujas mas trabalham fora têm mais tendência a ser sedentárias, a comer alimentos pobres em nutrientes e a ficar mais de três horas por dia em frente à Tv. ”De fato, o cuidador tem associação direta no impacto de como e quanto a criança come. E ela precisa de supervisão para se alimentar, já que não pode escolher sozinha o que é melhor”, diz a nutricionista Adriana Sevilha Gangolfo, coordenadora clinica do Instituto da Criança do Hospital das Clinicas ( FMUSP). Se você trabalha fora, confira algumas dicas para cuidar melhor da alimentação do seu filho.

  • Mesmo que os pais fiquem o dia todo fora, eles precisam saber como é a rotina alimentar do filho e, principalmente, limitar ao máximo a compra de alimentos não saudáveis.
  • Monitore dentro e fora de casa: acompanhe o cardápio da escola e procure cozinhar junto com seu filho no fim de semana.
  • Evite oferecer doces ou sobremesas como recompensa
  • Seja paciente ao apresentar novos alimentos ao seu filho. Ás vezes, ele precisa de tempo para se acostumar aos sabores diferentes…
  • Faça das refeições um momento agradável em familia.
  • Seu filho gosta de chocolate? Em vez de liberar a guloseima apenas nos fins de semana – o que pode causar ansiedade, com chance de se tornar compulsão – oferece uma pequena porção (um quadradinho basta) no dia em que seu filho pedir. Assim, ele cria uma relação de prazer e não sofre até ganhar o doce.

Matéria original da Revista Crescer. 

Compartilhe essa matéria com seus amigos!

Share on facebook
Share on whatsapp
Share on twitter

Guia de primeiros socorros

Guia de primeiros socorros

Se há uma verdade na vida de qualquer mãe e pai é essa: seu filho vai se machucar – ao menos uma, mas talvez várias vezes. Calma, não precisa entrar em pânico! O importante é aprender a identificar uma emergência e saber como agir diante dela. 

Um segundo. É rápido assim. Basta uma simples distração dos pais para a vida da criança correr risco. Que o diga a dona de casa Luciana Santos, 35. "Quando minha filha tinha 1 ano, ela engoliu uma moeda que esquecemos sobre a mesa de cabeceira. Foi só o tempo de eu ir até a cozinha pegar a mamadeira, ela colocou a moeda na boca e começou a tossir", lembra a mãe de Elisa, 4, e Mathias, 1. O que salvou a vida da criança foi a chamada manobra de Heimlich, que a mãe havia aprendido em um programa na TV. Luciana conseguiu fazer a menina desengasgar, a moeda saiu da garganta e deu tudo certo. Naquela mesma semana, porém, outro susto. "Eu tinha feito uma xícara de chá e coloquei na estante da sala, fora do alcance da Elisa. Mas, como ela era uma criança agitada, que mexia em tudo, usou um objeto e puxou a xícara. O chá escorreu pelo móvel e caiu na barriga dela", conta Luciana. Sem ter certeza do que estava fazendo, a mãe colocou a bebê embaixo da água fria do chuveiro e, felizmente, o ferimento não foi tão grave. Esta é justamente a recomendação médica em caso de queimadura.

Situações como essas não são isoladas. Só em 2016, mais de 117 mil crianças de até 14 anos foram internadas em todo o país em consequência de acidentes, aponta um levantamento do Ministério da Saúde. Entre as causas estão afogamento, sufocação, queimadura, queda e envenenamento — o que pode acontecer em qualquer casa. "Os acidentes acontecem desde o início da vida. É raro o filho que não mexa em enfeites e não puxe a toalha da mesa. Criança com energia é criança saudável", afirma a pediatra Cylmara Gargalak Aziz, do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês (SP). "Para evitar riscos, a melhor precaução é criar um ambiente adequado para que ela brinque de forma segura", alerta a médica. Ainda assim, surpresas acontecem, por maior que seja o zelo dos pais. A seguir, conheça as principais emergências pediátricas e saiba o que fazer para prestar os primeiros socorros ao seu filho.

Queimadura

RISCOS — Ferro de passar roupa, babyliss, prancha de cabelo, panela quente, fogão, forno, vela… As crianças não deveriam mexer em nada disso, mas, no dia a dia, um pequeno descuido dos adultos com esses objetos pode levar a acidentes graves. Até mesmo o sol, a água do banho ou uma bolsa térmica, que parecem inofensivos, podem machucar a pele sensível do seu filho. As queimaduras são classificadas de 1º grau (quando a pele fica vermelha), de 2º grau (com bolhas) ou de 3º grau (quando forma uma casca escura ou esbranquiçada).
PREVENÇÃO — Nunca deixe seu filho sozinho na cozinha e opte por um fogão que possua travas no acendimento automático e na porta do forno. Lembre-se de manter as panelas nas bocas mais do fundo do fogão e com os cabos virados para dentro. Fósforos e isqueiros devem ficar em gavetas ou armários trancados.
Não utilize toalha por baixo de recipientes com alimentos e líquidos quentes, pois a criança pode puxar e derrubar tudo sobre ela. Tanto o ferro de passar roupa quanto o babyliss ou a prancha de cabelo precisam ficar fora do alcance da criança o tempo todo, especialmente quando ligados.
Na hora do banho, antes de colocar o bebê na banheira, use um termômetro para medir a temperatura da água (deve estar entre 36,5°C e 37°C) ou o dorso da mão. Em brincadeiras ao ar livre, além do cuidado com o horário da exposição ao sol (até 10 horas ou após as 16 horas), sempre utilize o protetor solar.

S.O.S. — Coloque a área afetada embaixo da água corrente por cinco minutos, para aliviar a dor e limpar o local. Quando a queimadura é pequena, basta lavar e ligar para o pediatra: peça indicação de um hidratante e analgésico. A cura acontece em até uma semana. Corra ao hospital se a área for extensa ou houver bolhas (nunca estoure). A queimadura de sol é como a de fogo. Se a pele está vermelha, ofereça muito líquido para hidratar a criança e fique de olho na temperatura corporal, porque pode dar febre. Caso apareçam bolhas, procure a emergência médica.

NADA DE PASSAR MARGARINA, PASTA DE DENTE OU CLARA DE OVO! EM VEZ DE AJUDAR, ESSES PRODUTOS ATRAPALHAM A CICATRIZAÇÃO.

Corte

RISCOS — Objetos pontiagudos ou de serra ou até uma simples folha de papel. O corte também pode ser consequência de uma queda.

PREVENÇÃO — Mantenha tesouras, facas, pregos, vidros e espelhos fora do alcance dos pequenos. Tenha atenção especial com crianças que começaram a andar ou engatinhar. E, claro, com o piso: quanto mais irregular, mais arriscado.

S.O.S.— Lave o local com água corrente e sabão (neutro) e deixe a área respirar. Para o sangramento cessar, pressione o ferimento de quatro a nove minutos com uma toalha limpa. Caso não estanque, vá ao hospital, pois talvez seja preciso dar ponto. Faça o mesmo se observar algum objeto no corte, como caco de vidro.

"No ano passado, numa viagem, meu filho caiu da cama de madrugada. Foi um barulho estrondoso. Ele chorava de dor, meu coração ficou apertado. Tinha só 3 anos. Ao pegá-lo no colo, me deparei com sangue. Fiquei desesperada. Estanquei o sangramento com uma toalha e corri com meu marido para o PS da cidade. Ele precisou tomar três pontinhos no queixo. Espero não passar mais por isso." @TAMI_DAVI_JHO

intoxicação

RISCOS — Remédios, plantas, produtos de limpeza e cosméticos não têm nada em comum, certo? Errado. Esses produtos podem causar intoxicação nas crianças, especialmente nas mais novas, que levam tudo à boca. A inalação ou o contato com a pele e os olhos também pode ser grave, causando diarreia, dores abdominais, dificuldades para respirar, tontura, queimaduras e até perda de consciência. As substâncias que mais causam envenenamento são esmalte, água sanitária, detergente, perfume, naftalina e desodorante.
PREVENÇÃO —Armazene produtos de beleza e higiene em armários altos. Ao utilizá-los, nunca os deixe destampados ou dispostos em local de fácil acesso. E mais: mantenha os itens de limpeza em suas embalagens originais — quando guardados em garrafas de refrigerante, por exemplo, se tornam mais atrativos. E nada de guardá-los ao lado de alimentos.
S.O.S. — Se o produto caiu na pele ou nos olhos, lave o local com água corrente. Enquanto isso, ligue para o Disque Intoxicação da Anvisa (confira os números de emergência ao fim da matéria). O atendente indicará o melhor procedimento para cada substância.
Caso prefira correr ao PS, leve a embalagem, o produto ou a planta que causou a intoxicação. Se a criança ingeriu algo nocivo, não ofereça nenhuma bebida ou alimento, para não aumentar a absorção do produto. Também não force o vômito (isso machuca mais a garganta).

“Aos 2 anos, quando meu filho estava vomitando muito, sem querer dei o remédio errado. Ele ficou no balão de oxigênio por oito horas no hospital, mas, felizmente, não houve nenhuma reação grave.”
@DANY_GOMESBORGESLEAL

Afogamento

RISCOS—Todos conhecem os riscos que mar, rio, piscina e banheira oferecem, mas a verdade é que apenas cinco centímetros de profundidade podem ser fatais para um bebê.

PREVENÇÃO —  O acesso a baldes, bacias e até ao vaso sanitário deve ser bloqueado. Mantenha piscinas infláveis e outros recipientes virados para baixo. No banho, nunca deixe o bebê sozinho. Cinco minutos de asfixia podem gerar danos neurológicos.
A partir de 2 anos, converse e explique que é perigoso correr próximo a piscinas, mergulhar em locais que não dão pé e entrar na água sem um adulto. A partir de 4, tem mais autonomia se souber nadar, mas ainda precisa de supervisão. Na praia, fique perto de um posto de salva-vidas. Se tiver piscina em casa, cerque a área e desligue os filtros. Objetos coloridos que flutuam atraem as crianças, por isso, deixe-os fora da água ao sair. Em vez de boias de braços (que projetam o corpo para frente), até 4 anos, compre as do tipo colete salva-vidas.
S.O.S. — Retire a criança da água e ligue para o Samu. Coloque-a de barriga para cima, estabilize a cabeça, deixe o queixo levantado para desobstruir as vias aéreas. Se ela estiver acordada e respirando, leve-a ao PS. Caso esteja desacordada, verifique a respiração e tente chamá-la. Se estiver respirando, vire-a de lado para que expulse a água engolida. Do contrário, posicione a sua boca sobre a boca e o nariz dela e assopre (nas menores de 1 ano). Nas maiores, tampe o nariz e sopre somente a boca.

Engasgo

RISCOS — Um dos grandes vilões da infância se esconde em grãos, botões, bolinhas de gude, baterias, moedas, peças de brinquedos e pedaços de alimentos. O engasgo que costuma levar ao sufocamento acontece principalmente com crianças que têm entre 15 meses e 3 anos. A entrada da garganta nessa idade tem cerca de três centímetros de diâmetro, o mesmo do rolo de papelão do papel higiênico. Atenção: tudo o que cabe ali dentro pode fazê-las engasgar.
PREVENÇÃO — Mantenha longe do seu filho qualquer objeto com menos de 3 cm de diâmetro. Pode parecer exagero, mas é nos detalhes que mora o perigo. As crianças são curiosas e, entre 1 e 2 anos, levam tudo à boca. Então, não arrisque e redobre a atenção.

Observe os brinquedos antes de oferecê-los, tire de circulação os que contêm peças pequenas ou que se desprendem facilmente, e respeite a indicação de idade na embalagem, além do selo do Inmetro. Não deixe seu filho correr com objetos na boca e evite oferecer alimentos como amendoim, pipoca, bala, salsicha e uva aos bebês.
S.O.S. — Bebê em fase de amamentação engasga com o leite, mas costuma se recuperar em segundos. Chorar ou tossir é bom, sinal de que não está totalmente engasgado. Episódios graves acontecem quando objetos param na faringe, na laringe ou na traqueia, bloqueando a passagem do ar. A criança demonstra dificuldade para respirar, leva a mão ao pescoço e fica agitada. A boca fica arroxeada e ela emite ruído ao aspirar.
Caso consiga ver o corpo estranho na boca dela, retire-o cuidadosamente. Se ele não estiver visível, não tente tirar com as mãos para não correr o risco de empurrá-lo para dentro. Em crianças maiores de 1 ano, tente a manobra de Heimlich: o adulto abraça a criança por trás, com uma mão segurando a outra por baixo das costelas dela e, em seguida, dá um tranco forte e rápido, apertando o tórax da criança para dentro e para cima. O movimento elimina o corpo estranho. Para bebê menor de 1 ano, o ideal é deitá-lo de bruços no colo, sobre a sua coxa, com a cabeça mais baixa que o tronco, e dar tapas nas costas. Se não funcionar, procure o médico mais próximo imediatamente.

Fratura

RISCOS — Seu filho vai cair muitas vezes. E, talvez, até quebre um osso. As quedas são a maior causa de fraturas em crianças. O acidente pode acontecer com um tombo quando estão aprendendo a andar ou durante esportes e brincadeiras. Os membros superiores, como braço, antebraço, cotovelo, punho e clavícula são os mais suscetíveis.
PREVENÇÃO — Fique perto da criança enquanto ela ainda não souber se movimentar bem. Conforme cresce, reforce a orientação sobre os perigos de certas brincadeiras. Retire os tapetes da casa (ou use antiderrapantes) e não deixe-a andar de meias que escorregam. Fique de olho com o sobe e desce das escadas e dê preferência a brincadeiras na grama, na areia ou em pisos que amorteçam o impacto. Não descuide dos equipamentos de segurança quando seu filho for andar de bicicleta ou de patins.

S.O.S. — Os principais sintomas são dor intensa, dificuldade de se mover, inchaço, manchas roxas e, eventualmente, deformidade no local. Até os 3 anos, a criança não se expressa bem, então observe se está irritada ou evita movimentar o membro. No caso de fratura, imobilize o local, dê um analgésico e vá ao PS. Colocar gelo diminui o inchaço. Se o problema é um dente quebrado, a primeira atitude deve ser lavar a boca da criança com água e verificar os danos. Comprima com gaze umedecida e use gelo para aliviar a dor.
Se o dente for definitivo, leve a parte fraturada ao consultório. Lave-o com água filtrada e enrole em um tecido umedecido ou mantenha em um recipiente com leite ou saliva (da criança).

“Quando tinha 3 anos, minha filha, tropeçou no pufe de casa e caiu. Percebi que ela quebrou o braço. Dirigi com as pernas tremendo até o PS, pegamos congestionamento e ela chorava muito. Ela fraturou o osso rádio. A recuperação foi mais rápida que imaginei.”
@ANALLUZ

Alergia

RISCOS – Coceira, vermelhidão, tosse, inchaço, vergões na pele, irritabilidade e sintomas respiratórios, como coriza, obstrução nasal e falta de ar: tudo isso pode indicar que o organismo do seu filho está reagindo a algum elemento que, em tese, não é potencialmente nocivo a saúde. Isso é alergia – e nem sempre é fácil de identificar o gatilho.
PREVENÇÃO – No início da vida, a pele e o organismo são sensíveis e não estão acostumados com substâncias mais agressivas – alguns bebês podem ter alergia ao amaciante de roupas, por exemplo. Então, até os 3 anos, evite expor seu filho a cosméticos feitos para adultos e a alimentos artificiais e processados, com corantes e conservantes. Opte por produtos neutros ou formulados para crianças. Lembre-se também de que o aleitamento materno ajuda a prevenir alergias. E fatores como perfume forte, poluição e fumaça de cigarro irritam as mucosas e podem intensificar ainda mais o mal-estar.

S.O.S. – Boa parte das alergias na infância é leve e regride com o tratamento com medicamentos ou evitando o contato com aquilo que desencadeia o problema.
Na primeira crise que o seu filho tiver, é importante levá-lo ao médico para avaliar a gravidade do quadro. Na pior das situações, a criança pode apresentar um choque anafilático (também chamado de anafilaxia), reação rápida e intensa, cujos sintomas aparecem por volta de uma hora após o contato com a substância por trás da alergia. Costuma começar com vermelhidão ou coceira na pele, que atinge o corpo todo em questão de minutos, acompanhada de inchaço nos olhos, na região da glote, na boca e nos órgãos genitais, além de tosse, rouquidão e dificuldade para respirar. A recomendação é manter a criança deitada, com o pescoço reto (para facilitar entrada de ar) e buscar socorro imediatamente.
O tratamento varia para cada paciente, mas, no geral, envolve anti-histamínicos (medicamentos antialérgicos) que podem ser associados a um corticoide.

Choque

RISCOS — Os buracos da tomada, que parecem chamar os dedinhos das crianças, podem provocar urn grande estrago. Choques acima de 50 volts (voltagem mais baixa do que a da maioria dos eletroeletrônicos) já podem machucar. Quanto menor o corpo da criança, menor a resistência à corrente. Uma descarga elétrica fraca assusta e causa formigamento, mas um choque intenso pode ser fatal.

PREVENÇÃO – É simples: mantenha seu filho longe de tomadas. Converse com ele e explique que não pode, de jeito nenhum, mexer nesses itens. Os cabos de aparelhos que acabaram de ser retirados da tomada podem conter corrente elétrica e, por isso, não devem ir para as mãos das crianças.
0 ideal também é não ligar mais de um aparelho por tomada, com multiplicadores e extensões, pois isso pode provocar uma sobrecarga de energia. Se precisar usar esses dispositivos, deixe-os em local inacessível, atrás de móveis, por exemplo. As tomadas sem uso precisam ser protegidas com aquelas tampas plásticas indicadas para segurança infantil.

S.O.S. — Durante a descarga elétrica, existe a possibilidade de a criança ficar presa na tomada ou no fio, porque a musculatura trava, o que pode impedi-la de abrir as mãos e se soltar. Se isso o acontecer, não toque nela, ou a corrente passará para você. Primeiro, desligue a força. Depois, use um material isolante, como um cabo de vassoura ou pedaço madeira, para separar seu filho da fonte de energia. Cheque se ele está respirando. Caso não esteja, pode ser necessário fazer uma massagem cardíaca. Ainda que o choque seja leve e que ele não fique grudado na tomada, é importante a avaliação médica. A recomendação é sempre ir ao hospital para excluir a possibilidade de problemas mais sérios.

Matéria original da Revista Crescer. 

Samu: 192 / Disque intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001 / Corpo de bombeiros: 193

Ansiedade infantil

Ansiedade infantil

Nos tempos hoje a criança já nasce acelerada, antes mesmo dos dentes de leite saírem, eles já ganham intimidade com o mundo virtual antes dos 2 anos fazendo com que isso tenham acesso a quantidade de informações sem precedentes, com essa imersão precoce tecnológica modificando a forma como lidam com o tempo e maneira de como processam as informações – Ambos fatores colaboram com o nível de ansiedade.

Uma pesquisa realizada por dois Psicólogos Americanos Jeam Twenge (Universidade de San Diego) e Keith Campbell (Universidade da Geórgia), associou que o uso da tecnologia por pequenos a partir de 2 anos amplia o nível de ansiedade e assim maior ocorrência de diagnostico, e criança a partir de 4 anos apresentam o dobro de chances de perder a paciência a cerca de 46% apresentam a menor probabilidade de acalmar-se em situações de excitação ou estresse .
Para a Educadora e Neuropsicológica Adriana Fóz, o problema por si só será sempre o exagero, se desde cedo for a maior distração das crianças pode ser um problema pois ainda não está preparado para lidar com excesso de informações.

O escritor Richard Louv da Rede Internacional, cofundador da rede internacional Children and Nature Network, constatou a falta de contato com a natureza podendo ser a maior contribuinte para o aumento da ansiedade, “não é por acaso que o aumento da urbanização ou pelo menos pelo com a disseminação da urbanização desnaturada, temos incidências cada vez mais comuns de ansiedade e depressão.
Richard Louv é o autor do livro – A última criança na natureza – resgatando nossas crianças de transtornos de déficit de natureza ‘Editora Aquariana‘
Os estudos sugerem que passar tempo ao meio da natureza ajuda as crianças construir confiança a si mesmas, reduzindo os sintomas do transtorno de Defict Atenção.

Devido ao ritimo que levamos com muita tecnologia e pouca natureza a mil atividades extracurriculares o nível de ansiedade aumente até mesmo o comportamento dos pais podem ser determinantes , pais que cobram de seus filhos melhores performances , exemplo: melhores notas, obediência, serem inteligentes enfim uma criança com máxima eficiência e diante de tanta pressão acabam sendo vítimas de cobranças e de sua própria autocobrança tornando–se ainda mais ansiosos.

É ou não é ansiedade Assim como o medo e o estresse ela faz parte da vida. Exemplo, quando ficamos ansiosos pela chegada de um bebê e não preparamos nada para sua chegada essa ansiedade tende a ser um incomodo, porém essa ansiedade deve ser vivida com uma emoção gostosa de algo esperado.

Tão normal quando seu filho fica agitado pela data tão esperada de sua festa de aniversário ou algum evento na escola, isso não quer dizer que seja ansiosa, exige deles uma predisposição que geralmente se preocupam em excesso e querer ter autocontrole das situações, precisamos saber também que somente 4 % dessas crianças de (0 a 18 anos) tem essa predisposição genética.

Por esse motivo não é o caso de correr atrás de psicólogo ou algum tratamento ou até mesmo rotular seu filho como ansioso, vale a pena se perguntar senão estamos respeitando o tempo dele, geralmente queremos em algumas situações que eles se comportem como adultos, ficarem por um tempo indeterminando sentados em um restaurante sendo que isso é uma atividade para adultos, uma hora isso vai cansa-ló, não que nunca poderemos exigir disciplina até podemos mas chegara uma hora que ele ira cansar e irá querer fazer outra atividade, como se entreter com giz de cera e massinha.
Se relacionar com os filhos não é algo inato, precisa ser aprendido, precisamos nos dispor e entrar no mundo deles mesmo que na correria do dia a dia seja difícil, mas vale lembrar que seu filho tem um tempo diferente do seu, vale ficar em alerta e observar se a ansiedade esta dentro dos níveis normais, se isso pode atrapalhar a vida da criança ou seja na escola ou convivência familiar e com os amigos.

Siga as  dicas para  ajudar seu filho.

  • Menos tempo nos eletrônicos
  • Mais natureza
  • Dose de leveza – Educar sim , sobrecarregar não
  • Tempos juntos – Oportunidades de vinculo entre vocês
  • Mergulho nas letras – Ler um livro juntos
  • Na melodia – ouvir musica ou até mesmo tocar um instrumento
  • Brincadeiras para se mexer – brincadeiras de rodas e outros tipos lúdicas
  • Ritmo de respiração – fazer exercício de respirar com calma
  • Ioga ou mindfulness – técnicas para relaxamento e concentração

Compartilhe essa matéria com seus amigos!

Share on facebook
Share on whatsapp
Share on twitter